por Carlos Menezes*
Se existe um assunto que sempre assombra os pensamentos de qualquer ciclista é: Será que estou pedalando corretamente?
Essa dúvida paira a cabeça de qualquer ciclista desde o momento da compra da bike. Quando você chega a uma loja e pergunta: Qual é o tamanho da minha bike? Vai ouvir uma série de respostas, explicações e justificativas. Se optar por sair de uma loja e entrar em outra com a mesma pergunta, vai ficar ainda mais confuso ao perceber que não existe coerência alguma entre as respostas obtidas. Ou o que é pior, muitas vezes ouvimos respostas prontas que se você perguntar a justificativa de tal regra colocara o interlocutor em apuros. Mitos são criados e repetidos tantas vezes que se tornam verdade.
1) Basta multiplicar a altura do seu cavalo pelo coeficiente XYZ.
Incrível como esse coeficiente nunca é um numero fixo. E pior ainda, se você questionar porque se deve multiplicar por esse numero ninguém sabe responder, ou seja, apenas repetem algo que ouviram alguém dizer. E se por ventura encontrar alguém que tenha explicação de onde foi tirado esse coeficiente, entenda que esse numero nada mais significa que tabularam a altura média de cavalo para determinado tamanho de quadro. Mas seu perfil antropométrico está média? Essa média foi calculada com padrões brasileiros, norte americanos ou europeus. Será que minha distribuição nos comprimentos de pernas, braços, tronco, estão dentro dos padrões estabelecidos?
2) Basta colocar uma mesa mais curta
Mudar o comprimento da mesa influência diretamente a inclinação do tronco ao solo, e o ângulo de abertura do arm pit (formado por pontos anatômicos específicos localizados na articulação do quadril, ombro e cotovelo). Essas mudanças são as principais responsáveis por dores cervicais, lombares, formigamento das mãos e períneo.
3) Basta adiantar ou recuar o selim
A mudança na distancia do recuo do selim também pode apresentar os mesmos sintomas do item anterior e ainda implica na perca significativa da potencia da pedalada. Quando pontos anatômicos especificamente identificados no joelho e pé estão desalinhados, a energia aplicada no pedal é dissipada diminuído o Trabalho sobre o pedal.
4) Se você pedala uma bike Y basta comprar outra bike Y
Duas bikes que apresentam o quadro com o mesmo tamanho Y, significa apenas que possuem o mesmo tamanho de seat tube. E o que é pior, mesmo que encontre duas bikes com mesmo seat tube e mesmo top tube, mesmo assim existem grandes chances delas serem diferentes devido ao Stack e Reach. Com isso é muito comum ouvirmos ciclistas dizem que existem quadros: altos, baixos, longos, curtos, compridos, alongados. Mas isso tudo se deve a percepções que muitas vezes estão mais relacionados ao tamanho de mesa, pedivela, canote, etc; do que com a geometria do quadro propriamente dita.
Fabricantes de bicicletas investem milhões em estudos para chegar ao ponto de desenvolver máquinas extremamente rápidas e confortáveis. Essas mudanças feitas a cada ano leva em consideração particularidades da anatomia humana e comprar uma bike multiplicando por uma formula é pegar todos esses estudos e investimentos e jogá-los no lixo. Ao mesmo tempo que as empresas investem em quadros para atender as particularidades a multiplicação por formulas coloca todas as bikes em um mesmo patamar. Se fosse assim, bastaria existir uma única geometria e cada uma colocar sua marca.
Você então deve estar se perguntando. Como então devo proceder para não errar na compra da bike? Gostaria muito de poder ajudá-lo com uma resposta simples e minimalista, mas o processo não é tão simples assim. Você não tem saída a não ser procurar por um profissional especializado para orientá-lo na compra e regulagem da sua bike. E ai entra outro cuidado, existem muitas pessoas que fazem a leitura de artigos na internet e saem repetindo como se fosse especialista no assunto. A única maneira de comprar e ajustar uma bike e trabalhar com as medidas de stack & reach. É preciso ter um bom conhecimento de Bike Fit e de geometrias de quadros para constituir um bom raciocínio e estabelecer boas correlações.
Investir em um bom Bike Fit é acima de tudo trocar a dúvida pela certeza e isso precisa ser valorizado. Você precisa apenas escolher como quer fazer seus pedais. Da maneira correta ou incorreta.
*Carlos Menezes é graduado e mestre pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e professor universitário. Criador e redator do site BioCicleta, colunista da revista Cultura & Cia, revista Bicicleta e do portal uipi. Ciclista convicto, cicloturista pela Federação Paulista de Ciclismo e atleta de Mountain Bike. Atualmente atua como Fitter do “Estúdio Carlos Menezes de Bike Fit”.
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