segunda-feira, 5 de março de 2012

Impunidade: até quando?

Ontem eu estava conversando com um amigo meu sobre o que iremos fazer no próximo final de semana, e eu disse que iria pedalar para comemorar o Dia Internacional da Mulher, e ele disse:

- Não vai pedalar na Avenida Paulista, hein?
- Não se preocupe, eu vou pedalar com o pessoal do CAB? – retruquei.
- Acho bom, porque ali não é lugar pra pedalar.

Ao me deparar com o comentário dele, eu fiquei um pouco surpresa, porque ele não é o tipo de cara que vê problemas para pedalar seja o lugar que for.

Retruquei:

- Eu sempre pedalei na Avenida Paulista e nunca tive problemas. Eu acho a Avenida Rebouças muito pior.
- A outra ainda quis discutir no meio da avenida, por isso acabou sendo atropelada.

Eu acho que nada justifica a morte de Juliana Dias. Foi uma fatalidade e poderia ter acontecido com qualquer pessoa em qualquer lugar, como aconteceu, no mesmo dia, mais duas mortes no país.

Perder o equilíbrio da bicicleta é algo que também pode acontecer com qualquer um, como aconteceu comigo em abril de 2011, mas eu não estava numa avenida movimentada, eu estava no minhocão, num domingo, onde é fechado para o público patinar, passear, empinar pipa etc, ou seja, não tinha carro algum por lá, mas se tivesse, com certeza o mesmo teria acontecido comigo, teria sido morta por um carro que viria logo atrás de mim. Entendeu?

Quantas pessoas não perdem o equilíbrio quando estão pedalando? Afinal, as ruas de nossa cidade, São Paulo, têm mais buracos que uma meia arrastão. Se não prestar atenção, pode ir para o chão.

Talvez ele não tenha sido muito feliz em seu comentário. Ele é uma boa pessoa, mas para ele, pedalar na Avenida Paulista é muito perigoso.

Sinceramente? Onde é o melhor lugar para se pedalar quando não podemos usar uma ciclovia? Eu acho que nenhum lugar, não é mesmo? Se eu pensar que lugar Y é perigoso e que lugar X também é, eu não vou mais sair de casa, afinal, qualquer lugar é perigoso para pedalar, para caminhar e até mesmo para dirigir.

O que temos que fazer é continuar pedalando, mostrar para as pessoas, principalmente aos motoristas, que nós, ciclistas, fazemos parte do trânsito de qualquer cidade do mundo, e que estamos no Código Brasileiro de Trânsito.

Nós não queremos brigar com ninguém, nós queremos o nosso direito de compartilhar a pista com segurança, afinal qualquer vida ali está correndo risco: seu filho, seu pai, sua avó...

Pedimos mais paz no trânsito e amor entre as pessoas.

Lugar perigoso ou não para pedalar, não existe!

Boas pedaladas!

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