Pensando no post de ontem...
Quanta coisa aconteceu desde 24 de abril deste ano, após aquele domingo de páscoa...
Engraçado como a vida da gente se transforma em tão pouco tempo, e muitas vezes nem nos damos conta disso.
Lembro-me bem que eu mal podia me levantar da cama da minha mãe. Que minha mãe tinha que me ajudar a tomar banho, a me vestir e ainda amarrar meus sapatos, e ainda dividir a cama dela comigo.
Que eu tinha que comer de colher em prato fundo e com a mão esquerda. Eu sou destra! Imaginem então ter que usar a mão esquerda para tudo, inclusive para escovar os dentes.
Passei um tempo da minha vida dizendo que a minha mão esquerda não tinha vida própria, que não servia para muita coisa, mas nesse período ela se tornou a minha melhor amiga.
Lembro-me da dificuldade de pegar o ônibus usando a tipóia e tendo que usar apenas um braço para me segurar, e ainda vendo muitas pessoas no ônibus que não davam a mínima para mim lá dentro.
Quando comecei a fisioterapia meu braço mal mexia e doía um bocado. Se bem que ainda dói hoje, mas falta uns 30% para ele se esticar todo e dobrar todo também.
Nossa! Eu não conseguia abrir uma garrafa de água. Minha mãe ainda tinha que cortar o bife para mim para eu poder comê-lo.
Passei uns dez dias tendo que usar um cochão no chão para eu dormir, pois a minha cama é um beliche.
Mas isso eu tenho superado aos poucos, porque o nosso corpo se cura sozinho...
Mas outras coisas não foram superadas...
Pessoas que eu acreditei que eram meus amigos, se afastaram... outros nem sequer se manifestaram, e outros eu cortei relações.
Mas acredito que isso me deixou mais forte e menos passiva em relação às pessoas. Hoje eu não levo mais desaforo pra casa, não abaixo a cabeça pra mais nada, falo o que penso, não tento mais agradar ninguém, e se me magoar, vai ser uma vez só.
Somente eu sei o que eu passei naquele hospital. Somente eu sei a dor que eu senti, e ainda sinto. Só eu sei o que é sentir vontade de pedalar e não poder... só eu sei o que é ter vontade de ter alguém para conversar e ninguém ter paciência comigo...
Não. Longe de mim dizer que eu fiquei ranzinza ou com tolerância zero. Isso não! Apenas sei em quem posso confiar, e sei que devo ficar mais vezes quieta do que falar bobagem e ser interpretada de maneira errada.
Só posso dizer que, hoje, eu estou feliz demais, porque eu tenho me conhecido melhor, me aceitado melhor, e ver o meu próprio valor... e mais ainda, ver o quanto meu braço está se recuperando e com isso refletindo em minha vida mental também.
Tem hora que dá vontade de chutar o balde, mas aí penso naquele domingo de páscoa... e desisto. Sentir aquela dor de novo? Nunca mais!
Agora eu só quero pedalar mais para dar mais felicidade à minha vida.
Boas pedaldas!
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