domingo, 15 de maio de 2011

O primeiro dia: a queda


Poderia ter sido um domingo qualquer, mas aconteceu num domingo de Páscoa.

Saí de casa cedo, pois eu tinha combinado de encontrar um colega no Parque das Bicicletas às 8h15. No meio do caminho ele me enviou um torpedo que iria se atrasar, então aproveitei para conversar com uma amiga que estava ajudando na ciclofaixa.

Quando encontrei o colega, fomos pelo parque Ibirapuera, porque eu queria mostrar outro caminho para ele para chegar até a av. Paulista. Já na avenida ele me perguntou se eu já havia tomado café, então eu sugeri apresentá-lo a Frutaria Paulista, pois ele também não a conhecia. Ele comeu umas esfihas e tomou café, e eu tomei um delicioso açaí com pedaços de manga. Delícia!

Por volta das 10h saímos rumo ao minhocão, pois era outro trajeto que ele não conhecia. Mal entramos no minhocão e cerca de uns 300 menos, eu acho, o guidão da minha mãe bike escapou da minha mão, ficou fazendo zigue-zague, e quando me dei por mim, lá estava eu no chão, batendo fortemente meu braço direito.

Lembro-me muito bem de ter ido com a cara no chão, e se não fosse pelo capacete, acho que teria quebrado o nariz, ou coisa pior. O capacete realmente pode salvar sua vida, portanto, nunca deixe de usá-lo.

Senti uma dor esquisita, mas eu não conseguia distinguir da onde vinha. Mexi o ombro direito preocupada em ter fraturado a clavícula, mas vi que estava tudo bem com ela, foi quando uma mulher que passeava com um cachorro que veio me dizer que eu havia quebrado o braço e pelo sangue que saía deveria ser fratura exposta.

Comecei a sentir que o elástico que segurava meu aparelho de MP3 estava apertando meu braço e pedi para o colega cortar meu casaco para poder tirar o aparelho. Fazia um pouco de frio nesse dia, chegou até a garoar, por isso eu estava usando um casaco de frio. Foi quando ele viu o tamanho do estrago que estava meu braço, e o aparelho de MP3 totalmente destruído. Também pudera, se eu quebrei o braço, o aparelho só poderia ficar destruído.

Outro rapaz que caminhava pelo local chamou o resgate, e o colega queria ligar para minha mãe. Pedi para ele esperar eu chegar ao hospital a fim de não deixar a minha mãe preocupada.

O regaste chegou super rápido e logo começou os primeiros socorros, e foi aí que eles perguntaram se eu estava com algum documento, e não tive outra saída a não ser que ligassem para minha mãe para levar meus documentos até o hospital. O resgate me levou para o hospital Santa Casa, pois era o mais perto da região.

O atendimento da Santa Casa foi também super rápido. Quando eu me vi já estava rodeada de enfermeiras e médicos, e foi nesse momento que eu senti a pior dor da minha vida. Uma médica pegou o meu braço e esticou para ver a fratura exposta, e quase morri de tanta dor. E ao mesmo tempo duas enfermeiras tentavam, sem sucesso, pegar uma veia minha no braço esquerdo. Eu tenho as veias muito finas, e sempre fico roxa ao fazer exames de sangue, e dessa vez eu iria ficar com o braço preto... (risos)

Logo em seguida outro médico, Dr. Jan William, me levou para fazer o raio-x. Meu Deus, a dor era tanta que eu arranhava a barriga do cara que ajudava o médico a fazer o raio-x do meu braço.

Quando estava saindo da sala de raio-x a minha mãe, coitada, estava me esperando do lado de fora, toda preocupada, e eu, apesar de tudo, estava super calma.

Voltei ao PS, pois ainda tinha que fazer ultrassom para ver não havia acontecido nada com meus órgãos internos, já que nenhum outro osso havia quebrado. Graças a Deus.

O médico me acompanhou até o ultrassom e, graça a Deus, não havia nada de errado comigo.

Nesse ínterim todo, vários enfermeiros tiraram sangue do meu braço direito, enquanto o esquerdo sangrava muito. Teve um momento que tiveram que circular comigo por fora do hospital, e as pessoas que me viram, muito provavelmente pensaram que eu havia levado um tiro no braço, devido a quantidade enorme de sangue em minha maca.

O médico me levou para colocar meia tala no meu braço e aí foi um dos piores momentos do dia. Eu ficava o tempo todo segurando meu braço com a mão esquerda, e nesse momento, a minha mão escapou, meu braço direito caiu para o outro lado, que dor, e que medo.

Não me lembro de muita coisa depois disso, mas lembro quando me levaram para sala de cirurgia.

Fiquei boa parte do tempo da cirurgia consciente e ouvi praticamente tudo: furadeira, martelo, vozes, etc.

Quando acordei, eu estava com um fixador no meu braço. Aqueles pinos que colocam para não poder movimentar o braço, até esperar que ele fique menos inchado.

Já no quarto, vi minha mãe e minha irmã mais velha, mas eu estava tão grogue que me lembro de pouco coisa, mas logo em seguida o Dr. Jan William veio até mim pedindo que eu mexesse os dedos, e como o braço tava tão anestesiado, que mexer qualquer dedo naquele momento era impossível. Ele saiu do quarto e menos dois minutos depois, uma enfermeira voltou dizendo que o médico havia solicitado uma tomografia. Meu Deus, eu queria descansar, e ainda teria que fazer uma tomografia? E lá fui eu. E quase que não foi possível fazer a tomografia, devido ao fixador que estava em meu braço. Eu tive que ficar de lado, sentindo dor pelo corpo todo, mas não reclamei, eu só queria mesmo voltar para cama pra tentar dormir.

E finalmente eu tive um pouco de sossego.

O resgate.

 A fratura

 
 Os pinos (fixador)


Continua...

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