Terça e quarta-feira foram dias tranquilos para mim, com exceção a quantidade de remédios que eu tive que tomar, mas caminhei pelo hospital, e cheguei até tomar um pouco de sol. Na verdade, eu assisti muita televisão isso sim.
Nesse meio tempo, a minha colega de quarto, Sueli, fez sua cirurgia no pulso e teve alta logo em seguida. Depois tive a companhia de uma jogadora de vôlei profissional que quebrou o dedinho no treino. Ela levou uma bolada tão forte que fraturou o dedo e também precisava de cirurgia. Nossa, a garota tem apenas 19 anos, mas era tão grande que parecia um avatar. (risos)
Na terça-feira, um médico veio me visitar e disse que eu tiraria o fixador na quinta-feira ou na segunda-feira. Confesso que nesse momento eu entrei em pânico, eu não sabia se eu queria tirar aquilo do meu braço antes ou queria esperar mais um pouco, eu tava com medo de entrar na sala de cirurgia de novo, apenas tive que me conformar.
Entrei em jejum na quarta-feira às 22h, e enquanto isso eu esperava a jogadora de vôlei voltar da cirurgia, o que aconteceu somente às 1h30 da madrugada. Acho que só assim eu consegui dormir um pouco.
Às 5h30 da manhã a enfermeira, Suzi, me acordou para que eu pudesse tomar um banho. Fui sozinha tomar banho e lavei a cabeça com gosto, afinal, eu mal conseguia me lavar.
Quando voltei para o quando, a enfermeira disse que eu não poderia ter lavado a cabeça.
- Mas você não me disse nada! – respondi.
- Pois é, eu sei. – disse a enfermeira envergonha.
Ela saiu do quarto e segundos depois veio com um secador. Foi um dos momentos mais engraçados da minha estadia naquele hospital. O secador era tão velho que nem dá para descrever em palavras, só vendo mesmo.
- Nossa! Você vai levar três dias secando meu cabelo. – disse.
- Ah... não tire sarro porque isso aqui é doação. – a enfermeira respondeu.
Tive um pequeno momento de salão de beleza (risos), pois a enfermeira teve que secar meu cabelo, pois a minha cirurgia estava agendada para 10h.
No mesmo horário que estavam dando alta para jogadora de vôlei eu estava sendo levada para o centro cirúrgico. Eles marcam qual o braço deve ser operado, e os enfermeiros começaram a tirar sarro de mim dizendo que deviam trocar a marca para o outro braço, que não deviam me operar porque eu sou sãopaulina, essas coisas... Nessas horas a gente tem que rir um pouco para relaxar.
Já no centro cirúrgico foi aquela confusão. Não sabiam em qual sala eu ia ser operada, tinha anestesista que não sabia que ia me acompanhar... afe... fiquei até com medo de não ser operada de vez, mas essas coisas acontecem em qualquer lugar, até em hospital, né?
Assunto resolvido demos rumo à sala de cirurgia. Lá, a médica responsável disse que eu tinha que fazer o bloqueio do meu braço em outra sala.
Bloqueio significa anestesiar parte do meu corpo para não sentir dor nenhuma, mas para que isso aconteça, eles têm que pegar uma veia (acho eu) que fica perto da clavícula e dói para caralho, e mesmo com o calmante que me deram, eu vi vários médicos tentando achar essa veia, então me picaram várias vezes, e quando eu já estava para xingar um ali, um médico acertou o ponto. Ufa!
Eu tava tão grogue que eu não me lembro como cheguei à sala de cirurgia, mas lembro do anestesista pedindo para eu respirar fundo e eu não conseguia, quando ele pediu pela terceira vez, eu apaguei.
Quando acordei tinham umas três pessoas em volta de mim. Uma chegou a picar meu dedo e outra tirar sangue do meu braço esquerdo. De repente alguém volta com um saco para fazer a transfusão de sangue, foi aí que eu vi que iria receber sangue pelo meu pé direito. Meu braço esquerdo tava tão roxo devido a várias picadas, que o pessoal que me operou resolveu dar soro no meu pé. Como doía muito, eu tive que receber o sangue à conta gotas, aí demorou mais que o normal.
Eu já estava em pânico porque eu sabia que minha irmã estaria me esperando no quarto, pois assim que eu estava indo para o centro cirúrgico eu liguei para ela para avisar da cirurgia e ela iria me esperar no quarto durante o horário de visitar, que era das 14h às 15h, mas eu acho que saí da cirurgia por volta das 16h e como eu ainda tinha que esperar aquele sangue todo descer, eu não iria sair de lá tão cedo.
Quando eram 19h uma das enfermeiras que estavam lá, resolveu tirar o sangue quando ainda faltava pouco para acabar, pois ela via o meu sofrimento. Aquilo doía, parecia que a minha perna estava queimando. Ai, ui, ai...
Só que eu não podia ir embora, eu tinha que esperar algum médico me dispensar, mas todos voltaram a operar. Aquele dia mais parecia um mutirão de cirurgias, vi várias pessoas sendo operadas, e quando saí do quarto às 20h, tinha mais pessoas para serem operadas. Esses médicos são mesmo heróis.
A minha mãe tava à porta do centro cirúrgico toda desesperada, tadinha. A cara dela tava até branca. Ela me acompanhou até o quarto e eu queria ir ao banheiro de qualquer jeito, mas o enfermeiro, Gustavo, não deixou, e ele me trouxe a comadre. De novo? Isso ninguém merece!
Eu também estava morrendo de fome, e aproveitei para comer uns biscoitos que eu tinha na minha mochila, e aí a minha pressão subiu um pouco e comecei a ter dor de cabeça. Resolvi que eu precisava descansar.
O mais engraçado que meu braço tava completamente anestesiado, e eu só sabia que ele tava ali porque ele estava bem quente, pois parecia um braço morto, completamente sem vida. Mas onde estava a antena? Comigo mesma... (risos)
Antes de entrar na cirurgia eu conversei com a enfermeira que acompanharia minha cirurgia.
- O que vocês fazem com esses pinos? – perguntei.
- A gente joga fora.
- Poxa. Será que posso ficar com eles?
- Jura?
- Juro.
- Que legal – ela riu – ninguém nunca pede uma coisa dessas. Por que você quer isso?
- Eu quero de lembrança!
- Você é mesmo doidinha.
Eu apenas ri.
Olha o que estava em mim:
Continua...
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