domingo, 18 de janeiro de 2009

Mais dois dias do circuito proceis!


10 e 11 de novembro de 2008 (Indaial a Zinco)

Só um parêntese aqui, o circuito no terceiro dia é de Indaial a Rodeio, mas como o percurso é menor e mais light, nos informaram que ficar na Pousada do Zinco seria muito legal, foi esse o roteiro que escolhemos, aí no quarto dia iríamos do Zinco á Dr. Pedrinho.

Fomos dormir mais cedo nesse dia para que acordássemos mais dispostos, porque sabíamos que seria um dos dias mais difíceis. Tomamos aquele café reforçado, fizemos nosso lanchinho, aprontamos tudo nas bikes, mas antes de sairmos já tivemos que pegar nossas capas-de-chuva, pois pela primeira vez a garoinha estava contínua e não estava com cara que ia parar tão cedo!!
Eu e o Julio saímos na frente para passar em uma bicicletaria e as meninas nos encontrariam depois. A garoa ainda persistia, e com isso a trilha se tornou bem penosa, porque a terra molhada segurava muito as bikes, ainda mais com o peso, e pra”melhorar” estávamos com vento contra, e apesar do trecho entre Indaial e Rodeio ser o mais curto e plano, 26km, foi o mais cansativo, havia também muita circulação de carros e caminhões, imaginem como ficamos cheios de lama...rs. Havia também muitos trechos com paralelepípedos, o que cansou bastante!

Chegando em Rodeio procuramos os pontos para carimbarmos nossos passaportes, nisso passamos em frente à sede da Prefeitura, tiramos algumas fotos e aproveitamos para descansar, decidimos não almoçar ali, porque sabíamos que a subidona estava bem próxima...rs. Indo para a vinícola onde iríamos carimbar, demos uma breve parada pra arrumar nossos alforjes, e nem imaginamos que essa parada seria um pouco mais longa do que prevíamos...rss...vou contar o que acorreu, como sempre eu sou a culpada....rss: vi a Ivinha arrumar o alforje dela, aí me lembrei que a minha capa estava me incomodando, uma ponta ficava toda hora encostando no meu tênis, depois de muitas horas de pedal isso cansa qualquer um....rss..aí eu desci da bike e me inclinei para ajeitar um lado, quando fui ver o outro, contrário da onde eu estava, a bike pendeu e com o peso iria cair em cima da catraca eu quis segurar e não consegui, fui segurando-a até onde deu, nisso a coroa da frente entrou no meu tornozelo na parte da frente da minha perna, fez dois furos um pouco profundos, para não escorrer muito o sangue eu apertei o machucado e me sentei, coloquei a perna pra cima, e todos vieram me acudir, o Jubis ficou branco, pois pra quem não sabe eu sofri há muito tempo um acidente de bike, e o Julio ficou meio que traumatizado desde então....mas eu estava bem, nem dor sentia, só fiquei com pena de todos pelas carinhas preocupadas...e ficava imaginando como eu faria para subir os 8km sem esmorecer, sem doer e sem atrapalhar o passeio de todos! E acreditam se quiser ninguém havia reparado antes, mas tudo isso ocorreu em frente a um Posto de Saúde, como todos ficaram preocupados com tétano acharam melhor eu tomar uma anti-tetânica, e assim foi feito o Jubis conversou com uma enfermeira, a Solange, ela foi muito bacana e prestativa, depois de ter refeito o curativo, me deu a vacina e ainda me forneceu um kit para os próximos curativos. Percebemos que as pessoas de Rodeio foram as mais prestativas e mais simpáticas pelo menos nesses primeiros dias de pedal, falaram que era por causa da descendência italiana. Continuando... tomei um remédio por conta própria para dor, na verdade não estava sentindo nada mesmo, mas era mais por causa da subida que logo logo enfrentaríamos...e eu Tb não queria ter que voltar ou parar o percurso por causa do problema do meu pé, coisa que graças a Deus não aconteceu!

Continuamos enfim o pedal, e estávamos perto da vinícola e lá tomamos um delicioso suco de uva e comemos nosso lanchinhos. Lá mesmo nos indicaram onde seria o começo da subida dos 8km para o bairro do Ipiranga. Todos estavam meio preocupados comigo, mas eu estava me sentindo muito bem para continuar. E assim foi, os quatro subindo, e subindo, cada um no seu ritmo, algumas amenas e outras um pouco mais fortes, eu fui rezando bastante para não esmorecer, porque com a perna machucada e o peso da bagagem não é nada fácil, nem pra mim e nem para os outros, isso já eram umas 14h30min e nem havíamos subido 1km. Mas todos estavam felizes e somos muito persistentes..rs..e o mais importante, muito companheiros.
Muitas pessoas passavam de carro pela gente e não acreditavam que íamos em frente, porque uma garoa ia e voltava toda hora, o que dificultava ainda mais o trajeto, mas com certeza a paisagem compensava cada obstáculo e cansaço. Esqueci de comentar uma coisa, havia imagens de anjos segurando hortênsias, em todo o trajeto, e já haviam nos avisado a respeito disso, mas não imaginávamos que era tão bonito, era uma benção quando os víamos, e uma surpresa também, parecia tudo meio mágico.

Íamos subindo e subindo, e a cada curva uma surpresa diferente, ora um anjo, ora caminho todo com hortênsias, ora uma paisagem simplesmente magnífica.

Com 4 km de subida +/- paramos no laticínio “Giacomina”, fomos atendidos com cordialidade e muita simpatia, conhecemos suas filhas e seu marido, muito simpáticos também. Mesmo sendo segunda-feira seu dia de descanso e ela não abre a loinha, fez questão em nos receber e nos fazer experimentar vários tipos e queijos, ficamos maravilhados com os sabores...que delícia...rs. Tão bom que encomendamos alguns pra buscarmos depois e levamos uns dois pedaços pequenos com a gente, não podíamos carregar mais peso....rs....mas era nossa vontade levar um monte....rs.

Continuamos então nossa subida, e faltavam mais 4 km, e até então a subida não era forte, com o peso da bagagem a gente ia mais devagar, mas nada com grandes dificuldades, e tivemos um belo presente e surpresa pela frente, acho que com dois km, não tenho bem certeza da distância, mas vimos um espaço com um Cristo e rodeado de muitos e muitos anjos, que visão bonita, e que paz!! Foi um momento realmente mágico, cheio de energias boas, e nos revigorou! Forças renovadas, continuamos nossa jornada. Havia um trecho para descansar e a Ive e a Bete pararam para nos esperar...rs...os mais lerdinhos....rss. Depois dessa parada rápida continuamos, e umas 18h chegamos no acesso da estrada que dá pra Pousada do Zinco, na verdade para a Fazenda do Zinco, onde tem a pousada e o albergue, a placa é pra esquerda enquanto a placa indicando á Dr. Pedrinho é pra direita, e assim foi, seguimos nosso caminho.

Uma garoa fina insistia, mas o “Quarteto Fantástico” não desistia, e continuava bravamente...rs....por mais 8km. Quando chegamos na porteira principal da fazenda, já havíamos percorridos +/- 4km, até me emocionei, porque estávamos cansados e só faltavam mais 4km que sensação boa, mas quando faltavam 3km vimos que estávamos enganados....rs...começamos a subir sem parar e a estrada se tornava cada vez mais difícil, íngreme, com muitas pedras e escorregadia, muitos trechos tivemos que empurrar nossas bikes, o cansaço já se instalava, a chuvinha não parava e começou a escurecer rapidamente. Todos nós já estávamos muito exaustos, chegou certa hora que eu estava a ponto de jogar a bike morro abaixo e a Ivinha estava já com muitas dores na panturrilha e também pensava em deitar ali e chamar um carro para vir nos buscar, mas nenhum carro passava naquela região. A cada cinco metros parávamos para descansar, o Julio preocupado com a gente tentava nos animar falando de comida, brincava com a gente, mas o cansaço já era extremo. A credito que a mais inteira das meninas era a Betinha....rs. Não tiramos nenhuma foto desse trecho porque nossa preocupação era outra, chegar logo e tomar um belo banho!

Chegamos enfim ao final da subida numa escuridão só, e somente eu e o Julio com luzes no capacete. Continuamos devagar e com muito cuidado, passamos por uma casinha simples com luzes acesas, era na verdade a única iluminada, num lugar deserto, frio e escuro. Não imaginamos que essa era a casa do casal Carlos e Magda que cuidavam do albergue, onde iríamos ficar. Passamos “batido”. Não enxergávamos o albergue na escuridão e tão pouco a pousada. Aproximamos-nos de um galpão e enfim percebemos que estávamos totalmente perdidos, o cansaço era tanto que não conseguíamos mais pedalar e nosso anjo-da-guarda, o Jubis (nome que damos com carinho ao meu maridinho Julio....rs), deixou a gente nesse lugar e foi verificar mais pra frente se havia mais algum lugar onde pudéssemos ficar, já imaginando que iríamos passar a noite ao relento, sem tomarmos um belo banho quente, imaginem nosso sufoco e aflição!!! Nós três ficamos juntinhas para tentarmos nos aquecer, e começamos a comer um pouco de castanhas, mas não conseguíamos para de pensar em como seria, se ficaríamos mesmo dormindo naquele galpão, tinha ali vários maquinários, um caminhão também. Outra nossa preocupação era com o Jubis, morri de medo de que acontecesse algo.

Depois de um tempinho, ele voltou falando que havia encontrado a pousada, mas tudo estava fechado e escuro, já estava muito nervoso e preocupado com a gente, e principalmente por minha causa, porque eu estava com a perna machucada. Muito preocupado falou que iria voltar até aquela casinha com luz acesa e pedir ajuda. Mal sabíamos que ali era sim a nossa salvação....rs. Depois de um longo e interminável tempo que esperávamos, ouvimos um barulho de carro, rapidamente a Ivinha pegou a lanterna e fez sinal...nem acreditávamos. Quando o carro parou e o Jubis e Sr. Carlos (administrador da fazenda) desceram para ajudar a gente nem acreditamos, parecia um milagre...rs....e que alívio.

Chegamos enfim ao albergue por volta das 21h30, um lugarzinho pitoresco, aconchegante e muito lindo, do jeito que imaginávamos quando víamos aquelas casinhas da estrada. Tomamos um belo banho quente e demorado, na verdade tivemos alguns imprevistos com nosso banho, queimou fusível, mas o Jubis deu um jeito, eu tomei até banho de canequinha....rss...no final tudo estava sendo divertido e com certeza lembraríamos desses momentos pra sempre!!

O Sr. Carlos veio nos buscar para levarmos ao Galpão do refeitório, onde seria servido um jantar maravilhoso, tudo feito pela Magda, uma mulher especial com mãos mágicas para comida! Todos sentados e muito emocionados, por estarmos salvos, seguros, com banhinho tomado e com aquela fartura de comida maravilhosa à nossa frente, terminamos o dia com chave de ouro mesmo, regado de muita aventura, desafios, surpresas e companheirismo, isso sim não tem preço. Seu Carlos e a D. Magda são pessoas lindas e maravilhosas, conversaram bastante com a gente, foi tudo perfeito mesmo.

Como havia sido um dia bem cansativo achamos por bem nos presentearmos com um dia de descanso e também aproveitarmos melhor a fazenda do Zinco, então na terça passeamos muito pela fazenda, tiramos fotos das cachoeiras e “Zinco” e a do “Bonito”, limpamos nossas bikes e à noite tivemos mais um delicioso jantar. Mais um dia singular e muito harmonioso, estávamos revigorados e muito felizes, foi tudo perfeito novamente!
Escrito por Ana Paula.
Beijos e braços,

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