quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Colocando os acentos e vírgulas em seus devidos lugares.

Não, não estou falando de língua portuguesa, mas sim que eu quero esclarecer que eu não sou nenhuma cicloativista que carrega uma bandeira em punho como se fosse do MST e exigir os meus (nossos) direitos como ciclista(s), muito pelo contrário, eu sou alguém que pedala, que ama o ciclismo e quer o bem de outras pessoas que também pedalam ou que estão pensando em se aventurar no mundo das bicicletas.

Na verdade, eu até tiro o chapéu para esses cicloativistas, pois eles têm algo que eu realmente não tenho: paciência para lidar com os políticos e as burocracias deste país.

Eu sou desbocada, e eu não iria aguentar 15 minutos com essa galera da CET, Secretaria de Transportes e o raio que o parta. Então prefiro fazer o que eu gosto: pedalar.

Como sempre vi muitos pedalantes fazendo coisa errada, resolvi escrever textos aqui para ajudá-los. Escrevo sobre leis de trânsito, segurança do trânsito, uso do equipamento de segurança, e também sobre algumas aventuras minhas em cima de duas rodas.

O que eu não gosto é de baderna, e infelizmente, algumas vezes eu vejo isso nas Bicicletadas que rolam por aí. Claro que isso nem sempre acontece, mas quando acontece, me tira do sério.

Eu que pedalo já fico irritada, imagine um motorista, que está cansado de um dia duro de trabalho e não vê a hora de chegar em casa e descansar, se depara com um bando de ciclistas gritando, buzinando, invadindo 2 ou 3 pistas na rua, e atrapalhando todo o trânsito? A gente nunca sabe se irá aparecer outro louco a fim de atropelar os ciclistas, como fez o louco de Porto Alegre ano passado.

Lembro-me que eu estava voltando pra casa, enfrentando um ônibus lotado e saindo da tão movimentada Avenida Paulista, quando nos deparamos com uma manifestação de pessoas contra o aumento das passagens de ônibus. Eu fiquei P da vida, porque perdemos ali uns 15 minutos ou mais só para esperar eles passarem. Esse trânsito aqui é tão caótico, pra quê complicar ainda mais?

Quem não é ciclista e vê uma cena dessas, de ciclistas gritando, buzinando e sei lá mais o que, vai achar que todo ciclista é baderneiro, que pedala na calçada, que não respeita pedestres, etc e que vai ser sempre assim. E se um motorista não te respeitar depois disso, não reclame.

E quem é ciclista de primeira viagem, vai achar que isso é normal e irá fazer essas coisas em qualquer lugar da cidade, e ai de você chamar a atenção dele, é bem capaz de ele te mandar para aquele lugar.

Nada se resolve na base da pancadaria, muitas coisas que conseguimos em São Paulo ou em outras cidades foram na base da conversa.

Veja, fizeram tanto alarde para o aumento do preço da passagem de ônibus, que não deu em nada. Chegaram até a destruir a estação do Anhamgabaú. Patrimônio nosso e que mantemos com o pagamento de nossos impostos.

Sou a favor de fazer passeata pra mostrar que nós existimos como ciclistas, que respeitamos as leis de trânsito, que respeitamos pedestres, que não pedalamos na calçada, que não ficamos gritando e buzinando, e que não invadimos 2 ou 3 pistas para mostrar o nosso poder.

Poder se conquista, não se impõe.

Infelizmente neste país, as pessoas nunca se informam das coisas, elas sabem pelo o que as pessoas dizem: “ah, eu vi uma vez....”. Esse tal de “diz que me diz” que estraga todo um trabalho feito por anos ou décadas. Ou, as pessoas, aprendem na base da observação, mas não sabem se é certo ou errado. Talvez a gente entenda agora por que as pessoas jogam bituca de cigarro pela janela do carro, afinal, outras pessoas também fazem o mesmo, não é? Eu até mudaria o ditado: “Não faça o que eu falo, mas faça o que eu faço!”. Triste, mas é a nossa realidade.

Ah... sim, claro! Somos o país da impunidade e do “jeitinho brasileiro” e está tudo bem, não vai acontecer nada mesmo?

Eu sempre faço a coisa certa, mesmo quando estou sozinha: pedalo na mesma mão que os carros, não uso a calçada (somente em casos de emergência, quando você quer fugir de um carro desgovernado ou de algum buraco/obstáculo), paro na faixa, espero o pedestre atravessar, e por aí vai.

Se cada um fizer a sua parte, aos poucos conseguiremos conquistar o nosso espaço e sermos mais respeitados.

E agradeço aos cicloativistas que enfrentam reuniões, discussões, etc com esses políticos do nosso país. Para eles, eu dou todo o respeito que seja necessário. Se não fossem por eles, não teríamos ciclovia do Rio Pinheiros, ciclorrotas, ciclofaixas e afins. Minha, e nossa, eterna gratidão.

Esclarecendo: eu não sou contra a Bicicletada, eu sou contra a maneira em que ela é feita, com bagunça, etc tudo aquilo que eu já escrevi aqui. Acho que podemos nos divertir muito pedalando, e exigir os nossos direitos, sem precisar fazer baderna.

Talvez o pessoal da Bicicletada não curta o meu texto e talvez nem concorde comigo, mas pode rever seus conceitos e, quem sabe, ter mais adeptos? ;-)


Eu apenas vou continuar escrevendo o que gosto, sem me intrometer neste assunto de cicloativismo, isso não é minha praia.

Boas pedaladas!

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